segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Moradores da Apa do Igarapé gelado reclamam que: Exploração mineral está contaminando a APA

A mineração a céu aberto causa diversos impactos ao meio ambiente. Destrói completamente a área da jazida, as bacias de rejeito e as áreas usadas para depósito estéril. Tais impactos provocam danos e desequilíbrio na água, no solo, no ar, no subsolo e na paisagem como um todo, e são perceptíveis por toda população, visto que as áreas destruídas nunca voltarão a ser como antes.
 Vários estudos comprovam as reclamações dos produtores da APA do Gelado, realizados por pesquisadores da Sespa/Lacen-PA, Universidade Federal do Pará, Universidade Federal Rural da Amazônia e o Museu Paraense Emílio Goeldi, comprovando que as atividades antrópicas de exploração mineral na Serra dos Carajás tem causado severos impactos ambientais à APA do Igarapé Gelado, por receber um aporte de rejeitos minerais contaminando a cabeceira do Igarapé.
Estudiosos capturaram peixes da espécie Leporinuselongatus (Piau) e Eugerresbrasilianus (Caratinga), provenientes do Igarapé Gelado, respectivamente em número de dois e quatro espécimes, sendo sacrificados após dessensibilização em água fria e imediatamente feito biometria, pesagem, identificação e dissecação para coleta de fígado e guelras. Em seguida foram preservados em formol tamponado a 10% e encaminhados aos Laboratórios de Toxicologia (Toxan) e Laboratório de Patologia da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), sendo separados em amostras, registrados e devidamente processados através de técnicas histológicas clássicas e coradas por HE (hematoxilina-Eosina), sendo avaliados por microscopia óptica, apresentando que os elementos presentes no Igarapé Gelado, inclusive os metais pesados, estão sendo absorvidos pelos peixes e que os níveis de concentração em alguns elementos podem causar danos a saúde da população que consome estas espécies.
  Até o ano de 2002 a então Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), hoje Vale explorou a exaurida reserva de ouro do Igarapé Bahia, utilizando soda cáustica e cianeto para separação do minério da rocha primária, substâncias químicas que estão espalhadas região.
Hoje as atividades de exploração mineral são as lavras de manganês, ferro e cobre, todas as áreas com seus rejeitos depositados em barragens de contenção, nas proximidades das minas, mas também próximas das áreas de trabalhadores rurais. E para contenção do rejeito oriundo da exploração do minério de ferro de Carajás foi construída uma barragem no Igarapé Gelado, que vem causando problemas, principalmente para os agricultores da APA do Gelado.
Ainda hoje os moradores da APA relembram quando no ano de 1992, a barragem transbordou e inundou a área de alguns agricultores, causando grandes prejuízos aos produtores rurais, que tiveram inundadas suas áreas com plantio de hortaliças (abóbora, tomate, pimentão, quiabo, pepino, melancia, jiló, couve e repolho), milho e feijão e açaizais e outros prejuízos materiais e ambientais.
   A moradora da APA, Ana Cristina, 38 anos, detalha que vive na comunidade desde os 15 anos e também perdeu as esperanças de qualidade de vida e auto-sustentabilidade. “Os responsáveis pela APA disseram que a escola seria um meio de capacitar e manter nossos filhos conosco, mas só tem até a 8ª, série, por isso eles foram morar na cidade e hoje vivo só com o meu marido”, Comenta, explicando que antes eles cultivavam banana e exportavam, mas hoje sobrevivem da criação de peixes, mas a renda é pouca, em média de R$800,00 por falta de incentivos financeiros e técnicos.
  “Aqui não podemos trabalhar, alguns receberam incentivos do programa ‘Mata Viva’, mas a gente nada. Assistência técnica aqui somente no papel, na imprensa e conversas nas reuniões. Temos água contaminada, mas a Vale não deixa transparecer, quando eles construíram uma estrada perdemos 10 mil peixes contaminados. Aqui é um paraíso pra Vale, quando eles vêm pra Estação Conhecimento eles trazem até a água deles, pois a nossa é contaminada. Eles não trazem os filhos deles, pois sabem que de paraíso aqui não tem nada”, conclui Cristina.
“Prestamos serviços ambientais gratuitos, preservamos as matas nativas das nossas terras e não podemos trabalhar nelas, o pouco espaço que temos não temos condições de beneficiar, os projetos não passam de propagandas e pra complicar estamos numa área de águas superficiais e lençóis freáticos contaminada pela Vale. Até meus peixes morreram contaminados, estamos clamando por socorro, que se não vir do Brasil , que tem um governo cheio de corruptos, que outras entidades mundiais, vejam nossa realidade e nos salvem”, protesta Chico Doido.
   Chico Doido da APA alerta que já foram realizadas várias análise comprovando que as atividades da Vale estão contaminando o Igarapé Gelado e nenhuma autoridade toma atitude, esperando que o impacto ambiental seja devastador para que se resolva a situação. “Eu tenho um exemplo disso, no ano passado eu perdi 10 mil peixes do meu tanque, tudo contaminado, pois fui captar a água do canal para o meu tanque e perdi o pão da minha família”, conclui Chico, reforçando que os funcionários do Ibama e do Icmbio perseguem os moradores da APA e fecham os olhos para as irregularidades da Vale. (Fontes: http://www.ibama.gov.br ,http://www.ambientebrasil.com.br, www.cprm.gov.br , Amélia@ufpa.br e www.ogazeta.blogspot.com.)

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